14 setembro 2013

A flauta mágica

No final do mês de Julho fui assistir a mais uma ópera no Coliseu do Porto, a terceira deste ano. Desta vez foi A Flauta Mágica, de Mozart. O que esta ópera teve de diferente das outras é que não foi uma produção da Orquestra do Norte e da Associação dos Amigos do Coliseu do Porto, mas sim da Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE). Não sei se terá sido por esse motivo ou simplesmente por se tratar desta ópera em particular que a minha experiência também foi diferente das outras que tive.

Logo que a ópera começou fui surpreendida quando verifiquei que esta era cantada em português. Sem dúvida que é melhor que estar a olhar constantemente para as legendas, mas tinha alguma curiosidade em saber como me soava uma ópera em alemão. Mas as diferenças não ficaram por aqui: havia interacção entre a orquestra, o maestro em especial, e os actores-cantores; havia diversos momentos de comédia física que aludiam a situações actuais; os períodos recitativos (trechos não cantado) eram mais frequentes e longos; a qualidade das vozes não era consistente. A interactividade e a comédia considero adições positivas, se bem que quebraram o ritmo e representaram uma distracção do tema central da ópera. Quanto aos períodos recitativos, pareceram-me demasiado longos e demasiado frequentes, representaram uma porção da ópera demasiado significativa quando em comparação com outras óperas. Entre interacções, comédia e recitativos, ocorriam demasiadas paragens nas quais quase me esquecia que estava a assistir a uma ópera e antes parecia tratar-se duma simples peça de teatro. Seria o original também assim? Gostava de saber.

A qualidade das vozes, ou a falta dela, denunciaram algum amadorismo. Existiam cantores com péssima projecção de voz, eram quase inaudíveis e imperceptíveis, mesmo estando a cantar em português. Felizmente, também havia excelentes vozes, como as dos cantores que representaram os papéis de Papageno e Sarastro (um caçador de pássaros e um sacerdote, respectivamente). Já que menciono o Papageno, acrescento que esta personagem protagonizou os momentos mais divertidos da ópera, assim como uma das duas árias que me são familiares. Ainda bem que atribuíram esse papel a um cantor com uma voz mais trabalhada.

No início do acto II, Sarastro fez o que parecia um discurso ao povo, totalmente falado em inglês. No sistema de som do coliseu ouviu-se uma voz feminina que fazia a tradução simultânea do discurso. Infelizmente, o discurso proferido por Sarastro e a tradução sobrepuseram-se e não se percebia bem nem um nem a outra, apesar da boa projecção de voz desse cantor. O conteúdo perdeu-se e, na verdade, não percebi a relevância de fazerem o discurso em inglês; se tivessem feito tudo em português não acontecia esta trapalhada. Escusado será dizer que assistir a este espectáculo não me deixou muito animada. O pior é que teve a duração de 3 horas e 15 minutos, provavelmente a ópera mais longa das que assisti.

Como se já não estivesse a ser suficientemente mau, perto do final puseram uns holofotes em rotação. Então, a cada volta que dava, atingiam-me com uma luz extremamente forte que me ofuscava. Parece que queriam mesmo deixar uma pessoa de mau humor! Quando finalmente acabou, naturalmente não estava bem impressionada. No entanto, não estou preparada para colocar já A Flauta Mágica no "caixote do lixo". Antes, aguardarei por verdadeiros profissionais que representem uma versão mais fiel ao original para depois tirar as minhas conclusões.

13 junho 2013

Estupidez vs Perspicácia

Ser paciente com a estupidez é difícil para os perspicazes.
Estava a ler o livro do momento, Os Primeiros Casos de Poirot, e no capítulo "A aventura da cozinheira desaparecida" encontrei esta pérola. Não podia concordar mais! É uma das coisas que me põe de mau humor instantaneamente. Finalmente alguém que me compreende, mesmo que seja só uma personagem fictícia.

04 junho 2013

Beauty is in the eye of the beholder

A beleza está nos olhos de quem a vê.

É por isso que, ultimamente, o meu blogue de fotografia está em hibernação. Nos meus olhos só há escuridão.

19 abril 2013

Bifanas e gelados

A minha vida é tão interessante que não tenho nada de melhor sobre o que escrever além de comida. Assim sendo, ficam desde já avisados que o que se segue é completamente irrelevante.

Se frequentam as praças da alimentação de centros comerciais com certeza já viram a proliferação de promoções de produtos a €1, cartazes a anunciar novidades e... bifanas. Como acontece sempre, assim que uma cadeia de fast food lança um novo produto, todas as outras imitam: é a concorrência, pura e simples. Como consumidora preferia ter diversidade, mas dado que tenho a possibilidade de escolher, tomei como missão determinar qual o melhor local para comer, neste caso, bifanas.

Como as primeiras que vi foram as da Casa das Sandes, comecei por essas. Gostei bastante, são saborosas e são bifanas a sério, ao contrário de outras. Contudo, são demasiado picantes para aquilo que consigo tolerar e também podia encontrar-se ocasionalmente pedaços de gordura, o que não me agrada nada. Apesar de tudo, vale a pena.
Seguidamente, experimentei as da Pans e digo já que foi a última vez que como bifanas lá. O paladar era estranho, nada agradável, a própria carne tinha uma cor estranha e estava completamente seca, não havia nenhum molho. Até me custou comê-la.
Mais recentemente experimentei a bifana com mostarda do McDonald's e fiquei decepcionada, não correspondia em nada ao que esperava. Para começar, aquilo de bifana não tem nada, eu chamar-lhe-ia hamburguer de porco; o paladar não é nada de especial e sem dúvida que não lembra as bifanas tradicionais. Depois, a mostarda só aparece na forma de pacote e quem quiser que a coloque; ou seja, a diferença entre pedir uma bifana simples e uma bifana com mostarda é que na segunda dão-nos um pacote de mostarda. Tinha curiosidade em experimentar a nova bifana à cervejeira, porque imagino que tenha um molho diferente e agradável, mas assim pensarei duas vezes antes de o fazer.
Em conclusão, baseando-me no meu conhecimento actual, atribuo o 1º lugar à bifana da Casa das Sandes, o 2º lugar à do McDonald's e, por último, a da Pans. No entanto, ainda gostava de avaliar outras bifanas. Por exemplo, já ouvi falar muito das bifanas do Conga como sendo as melhores do Porto, por isso acho que nenhuma avaliação estará completa sem antes as experimentar.

Já que estou a falar em comida, posso também partilhar a minha opinião sobre uma das novidades da Olá para este ano: os Magnum 5 Kisses. Há uns dias provei o Magnum Beijo Apaixonado, com suspiros e frutos vermelhos, além do chocolate obviamente. Provei-o em formato swirl. Não era mau, mas tendo em conta que eu adoro frutos vermelhos, dizer que não é mau não é uma avaliação muito positiva. Não fiquei rendida a este beijo. É possível que comer este gelado no formato convencional seja mais interessante, a percepção dos diversos componente poderá ser diferente; em todo o caso, na próxima oportunidade experimentarei um beijo diferente.

Obviamente, opiniões são subjectivas, ainda para mais relativamente ao paladar, por isso acredito que possa haver quem discorde da minha avaliação: está no seu direito, aqui não há nem certo nem errado. Mas digam-me se este texto não é para encher chouriços?! Eu avisei!

09 abril 2013

A mulher caída

Na passada sexta-feira à noite fui assistir, no Coliseu do Porto, à ópera de Giuseppe Verdi: La Traviata. Foi a primeira da temporada de ópera de 2013 em que se assinala os 200 anos do nascimento deste compositor. Descobri, com a ajuda da Wikipédia, que la traviata significa, aproximadamente, a mulher caída. Consigo compreender a escolha do título tendo em conta o libreto desta ópera.

O libreto de La Traviata é baseado no romance A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas filho. Na ópera, Violetta, uma cortesã, toma conhecimento de que Alfredo a ama secretamente há algum tempo. Violetta é tocada pelo sentimento de Alfredo e ambos vão viver juntos para uma casa de campo, longe das festas que habitualmente frequentavam, e são felizes. Infelizmente, não durou muito. Um dia, o pai de Alfredo visita Violetta e pede-lhe que se afaste do seu filho para preservar o bom nome da família. Entre muitas lágrimas, Violetta acaba por aceder ao pedido, prometendo segredo. Ao saber que Violetta o abandonou, Alfredo conclui que ela preferiu retornar à sua antiga vida e fica louco de raiva. Numa festa, Violetta e Alfredo voltam a encontrar-se e este humilha-a, mas logo sente remorsos. Posteriormente, em sua casa, Violetta encontra-se às portas da morte quando Alfredo aparece e reafirma o seu amor: o seu pai tinha revelado o motivo que levou Violetta a afastar-se dele. Ambos fazem planos para o futuro, mas já foi tarde demais: recuperar o amor de Alfredo deu alento a Violetta, mas não foi suficiente e ela sucumbiu à doença.

Logo no primeiro acto, durante uma festa, Alfredo exibe os seus dotes vocais e canta sobre o amor e a bebida: a ária Libiamo ne'lietci calici, também conhecida como Valsa do Brinde. Em todas as óperas a que assisti (esta foi a minha nona ópera) sempre reconheci alguma ária ou trecho musical que já tinha ouvido antes apesar de não saber a sua origem. Foi o que se passou com a valsa do brinde.

Apesar do espectáculo ter a duração de três horas, distribuídas por três actos sendo que o segundo acto tinha duas cenas, ainda assim pareceu-me que esta história de amor trágica foi contada de forma muito sucinta, o que considero positivo. Tal como todas as óperas a que assisti, também esta foi apreciada embora não a eleja como minha favorita. No entanto, dado que esta ópera é baseada numa obra literária, também despertou o interesse em conhecer esta obra e prolongar a experiência, algo que não foi possível com as óperas anteriores. Verdade seja dita, A Dama das Camélias julgo enquadrar-se na categoria dos clássicos literários, o que só reforça a relevância da sua leitura. Há muitos livros que gostaria de ler um dia e na sexta-feira passada descobri mais um para juntar à minha lista.