31 março 2008

Caso Carolina Michaëlis

Se excluirmos o futebol, este deve ser o tema mais comentado do momento e, embora eu goste de marcar pela diferença, desta vez vou juntar-me às massas e dizer uma ou duas coisas que penso sobre este assunto, só para descarregar.

É nestas alturas que me sinto mesmo velha! No meu tempo não era assim! Também é verdade que, no meu tempo, não havia telemóveis ou, se havia, não eram o brinquedo mais comum das criancinhas. Eu ainda sou do tempo em que o professor era um símbolo de autoridade equiparado aos pais, uma pessoa sábia, muitas vezes admirada pelos seus alunos, tida como referência. Quantas vezes as crianças não chegavam a casa e comentavam com os pais: "a professora disse isto" ou "a professora disse aquilo"?

Episódios como este, que aconteceu na escola Carolina Michaëlis, só nos vêm mostrar a evolução da educação no nosso país e do quanto está a empobrecer a nossa sociedade. Os professores perderam o seu estatuto, deixaram de ser a autoridade na sala de aula para se tornarem num joguete nas mãos de alunos insurrectos. E são estes os adultos que se estão a formar, pessoas sem noção de autoridade e respeito.

Não sei até que ponto as medidas punitivas aplicadas a esta aluna e ao aluno que fez o vídeo são suficientes para que "aprendam a lição". A suspensão temporária só lhes dá uns dias de férias que aproveitarão alegremente; a transferência para outra escola não muda o seu comportamento, embora os afaste das potenciais más influências, mas talvez seja tarde para que uma medida destas surta efeitos.

Li algures, não me recordo onde, uma frase proferida pela mãe da aluna agressora: "Não foi esta a educação que dei à minha filha". Isso é o que todos dizem, mas em algum lado ela aprendeu que não faz mal agredir um professor e, se não foi em casa, no seio familiar, foi com más companhias, cuja responsabilidade cabe aos pais controlar com quem os filhos se relacionam. De uma forma ou outra, os pais têm a sua quota de culpa. Também têm culpa de não lhe ter dado umas boas palmadas no rabo quando ela era mais nova!

É como digo: no meu tempo não era assim, mas havia uma diferença. Sabem qual é? No meu tempo havia a palmatória... Só me resta uma dúvida quanto a este caso: que mensagens tão importantes estaria ela a trocar para se insurgir daquela forma contra a professora? Devia ser caso de vida ou morte...!

28 março 2008

Piercings e Tatuagens

Possivelmente já ouviram falar na proposta de regulação do uso de tatuagens e piercings. Se não ouviram, podem ler a notícia aqui. Expliquem-me: porque é que o governo se incomoda com estas ninharias? Alguém me sabe dizer?

A razão para esta proposta é, supostamente, para preservar a saúde dos adeptos de tatuagens e piercings, pois quando essas coisas correm mal, é ao Sistema Nacional de Saúde que recorrem. Não é isso que me incomoda na lei, nem o facto de ser absolutamente proibido a menores de 18 anos fazer piercings e tatuagens, pois os menores de idade estão ainda a cargo dos pais, logo devem ter autorização deles para fazer o que quer que seja, como já acontece com a carta de condução, por exemplo. Incomodam-me duas coisas:
  1. Porque raio os nossos políticos se preocupam com uma questão destas, que me parece um mal menor face aos vários problemas do nosso país? Não posso crer que as complicações de saúde resultantes das más condições de higiene nas lojas de tatuagens e piercings sejam as responsáveis por algum buraco financeiro no SNS... Parece-me que estão a desperdiçar tempo e recursos para nada.

  2. Como será feita a fiscalização e por quem? É relativamente fácil verificar que determinado estabelecimento obedece às condições de higiene impostas: essa é a especialidade da ASAE; mas como irão combater os piercings clandestinos? Uma imagem assustadora surge na minha mente: imagino uma rusga da ASAE que, aleatoriamente, faz uma espécie de operação STOP ao cidadão incauto que vai a passar pela rua e lhe pede: "mostre-me a sua língua!". Esta imagem é mais assustadora quando me lembro que também há quem coloque piercings nos orgãos genitais e esta lei também é para eles.
Pensei que o nosso corpo ainda fosse nosso e que tivéssemos liberdade de fazer o que quiséssemos com ele, inclusivamente estragá-lo, se fosse a nossa vontade. Já o fazemos todos os dias com as nossas péssimas escolhas alimentares e vários vícios e ninguém se lembrou de escrever uma lei para obrigar a que se comam mais legumes e menos gordura! Cheira-me que um jovenzinho decidiu fazer um piercing na língua sem o consentimento do papá e, então, este decidiu propor uma lei para evitar que isso se repita...