No final do mês de Julho fui assistir a mais uma ópera no Coliseu do Porto, a terceira deste ano. Desta vez foi A Flauta Mágica, de Mozart. O que esta ópera teve de diferente das outras é que não foi uma produção da Orquestra do Norte e da Associação dos Amigos do Coliseu do Porto, mas sim da Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE). Não sei se terá sido por esse motivo ou simplesmente por se tratar desta ópera em particular que a minha experiência também foi diferente das outras que tive.
Logo que a ópera começou fui surpreendida quando verifiquei que esta era cantada em português. Sem dúvida que é melhor que estar a olhar constantemente para as legendas, mas tinha alguma curiosidade em saber como me soava uma ópera em alemão. Mas as diferenças não ficaram por aqui: havia interacção entre a orquestra, o maestro em especial, e os actores-cantores; havia diversos momentos de comédia física que aludiam a situações actuais; os períodos recitativos (trechos não cantado) eram mais frequentes e longos; a qualidade das vozes não era consistente. A interactividade e a comédia considero adições positivas, se bem que quebraram o ritmo e representaram uma distracção do tema central da ópera. Quanto aos períodos recitativos, pareceram-me demasiado longos e demasiado frequentes, representaram uma porção da ópera demasiado significativa quando em comparação com outras óperas. Entre interacções, comédia e recitativos, ocorriam demasiadas paragens nas quais quase me esquecia que estava a assistir a uma ópera e antes parecia tratar-se duma simples peça de teatro. Seria o original também assim? Gostava de saber.
A qualidade das vozes, ou a falta dela, denunciaram algum amadorismo. Existiam cantores com péssima projecção de voz, eram quase inaudíveis e imperceptíveis, mesmo estando a cantar em português. Felizmente, também havia excelentes vozes, como as dos cantores que representaram os papéis de Papageno e Sarastro (um caçador de pássaros e um sacerdote, respectivamente). Já que menciono o Papageno, acrescento que esta personagem protagonizou os momentos mais divertidos da ópera, assim como uma das duas árias que me são familiares. Ainda bem que atribuíram esse papel a um cantor com uma voz mais trabalhada.
No início do acto II, Sarastro fez o que parecia um discurso ao povo, totalmente falado em inglês. No sistema de som do coliseu ouviu-se uma voz feminina que fazia a tradução simultânea do discurso. Infelizmente, o discurso proferido por Sarastro e a tradução sobrepuseram-se e não se percebia bem nem um nem a outra, apesar da boa projecção de voz desse cantor. O conteúdo perdeu-se e, na verdade, não percebi a relevância de fazerem o discurso em inglês; se tivessem feito tudo em português não acontecia esta trapalhada. Escusado será dizer que assistir a este espectáculo não me deixou muito animada. O pior é que teve a duração de 3 horas e 15 minutos, provavelmente a ópera mais longa das que assisti.
Como se já não estivesse a ser suficientemente mau, perto do final puseram uns holofotes em rotação. Então, a cada volta que dava, atingiam-me com uma luz extremamente forte que me ofuscava. Parece que queriam mesmo deixar uma pessoa de mau humor! Quando finalmente acabou, naturalmente não estava bem impressionada. No entanto, não estou preparada para colocar já A Flauta Mágica no "caixote do lixo". Antes, aguardarei por verdadeiros profissionais que representem uma versão mais fiel ao original para depois tirar as minhas conclusões.
Logo que a ópera começou fui surpreendida quando verifiquei que esta era cantada em português. Sem dúvida que é melhor que estar a olhar constantemente para as legendas, mas tinha alguma curiosidade em saber como me soava uma ópera em alemão. Mas as diferenças não ficaram por aqui: havia interacção entre a orquestra, o maestro em especial, e os actores-cantores; havia diversos momentos de comédia física que aludiam a situações actuais; os períodos recitativos (trechos não cantado) eram mais frequentes e longos; a qualidade das vozes não era consistente. A interactividade e a comédia considero adições positivas, se bem que quebraram o ritmo e representaram uma distracção do tema central da ópera. Quanto aos períodos recitativos, pareceram-me demasiado longos e demasiado frequentes, representaram uma porção da ópera demasiado significativa quando em comparação com outras óperas. Entre interacções, comédia e recitativos, ocorriam demasiadas paragens nas quais quase me esquecia que estava a assistir a uma ópera e antes parecia tratar-se duma simples peça de teatro. Seria o original também assim? Gostava de saber.
A qualidade das vozes, ou a falta dela, denunciaram algum amadorismo. Existiam cantores com péssima projecção de voz, eram quase inaudíveis e imperceptíveis, mesmo estando a cantar em português. Felizmente, também havia excelentes vozes, como as dos cantores que representaram os papéis de Papageno e Sarastro (um caçador de pássaros e um sacerdote, respectivamente). Já que menciono o Papageno, acrescento que esta personagem protagonizou os momentos mais divertidos da ópera, assim como uma das duas árias que me são familiares. Ainda bem que atribuíram esse papel a um cantor com uma voz mais trabalhada.
No início do acto II, Sarastro fez o que parecia um discurso ao povo, totalmente falado em inglês. No sistema de som do coliseu ouviu-se uma voz feminina que fazia a tradução simultânea do discurso. Infelizmente, o discurso proferido por Sarastro e a tradução sobrepuseram-se e não se percebia bem nem um nem a outra, apesar da boa projecção de voz desse cantor. O conteúdo perdeu-se e, na verdade, não percebi a relevância de fazerem o discurso em inglês; se tivessem feito tudo em português não acontecia esta trapalhada. Escusado será dizer que assistir a este espectáculo não me deixou muito animada. O pior é que teve a duração de 3 horas e 15 minutos, provavelmente a ópera mais longa das que assisti.
Como se já não estivesse a ser suficientemente mau, perto do final puseram uns holofotes em rotação. Então, a cada volta que dava, atingiam-me com uma luz extremamente forte que me ofuscava. Parece que queriam mesmo deixar uma pessoa de mau humor! Quando finalmente acabou, naturalmente não estava bem impressionada. No entanto, não estou preparada para colocar já A Flauta Mágica no "caixote do lixo". Antes, aguardarei por verdadeiros profissionais que representem uma versão mais fiel ao original para depois tirar as minhas conclusões.
4 comentários:
Concordo contigo perfeitamente, estive lá e também para mim foi um pouco desilusório.
E tens algum ponto positivo a acrescentar?
Não. Sinceramente. E aliás achei o facto de ser em português mais desvantajoso que vantajoso. Porque nos impediu de ver a ópera na sua forma original. Para óperas modernas há já óperas modernas como a outra que se viu uns meses antes. Essa era bem moderna e actual.
É verdade que nos impediu de ver a ópera na sua forma original; também referi esse facto. Mas acho que o efeito negativo que isso provoca é inferior aos efeitos negativos de tudo o resto. Ou seja, se a ópera fosse fiel ao original à excepção da língua e os participantes tivessem melhor qualidade, provavelmente teria outra opinião.
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