03 dezembro 2010

Curiosidade n.º 3: o calendário

Um ano comum tem a duração de 365 dias, mas de 4 em 4 anos temos um ano bissexto que tem 366 dias. Talvez já se tenham perguntado qual a razão para incluir um dia extra nesses anos.

A definição de ano está associada à translação da Terra em torno do Sol. Esta demora, em média, 365,2425 dias para completar uma volta, ou seja, cerca de 365 dias e 6h. Para que o ano tenha um número inteiro de dias, define-se o ano comum como um período de 365 dias, por aproximação. No entanto, as 6h adicionais que a Terra demora a rodar em torno do Sol e que foram negligenciadas, ao fim de 4 anos perfazem uma discrepância de 24h entre a realidade e aquilo que o calendário nos indica. Para compensar essa diferença, a cada 4 anos temos um ano bissexto, ao qual se acrescenta um dia, o 29 de Fevereiro.

No entanto, esta compensação a cada 4 anos não é suficiente. As 6h adicionais que mencionei antes na verdade não são 6h, mas um pouco menos. Por esta razão, quando acrescentamos um dia ao calendário nos anos bissextos estamos a errar por excesso em cerca de 11 minutos. Mais uma vez, para compensar esta discrepância, os anos múltiplos de 100 (por exemplo, 1800 e 1900) não são bissextos, excepto se forem também múltiplos de 400 (por exemplo, 1600 e 2000).

Os calendários não são perfeitos e nem com tantas correcções se descreve exactamente o movimento da Terra em torno do Sol. Mesmo com esta compensação a cada 400 anos, ainda existem discrepâncias que se tornam cada vez mais significativas com o passar dos séculos e há quem defenda que se deve criar uma regra que corrija o calendário a cada 4000 anos.

8 comentários:

Anónimo disse...

Com tanta tecnologia que existe actualmente ao dispor, acho que já se podia avançar para relógios e calendários realmente precisos em que o dia durasse as 23h e 5 min.. assim já nunca mais teríamos anos bissextos e nunca maia haveria problemas com o acerto do calendário... Parece maluca a minha ideia? mas estou a falar bem a sério...

Vanessa Carvalho disse...

Isso resolvia o problemas dos acertos no calendário, mas complicava a nossa vida, já que estamos habituados a viver num mundo em que os dias têm 24h, cada hora tem 60 minutos e cada minuto tem 60 segundos. A alteração que falas implicaria redefinir a forma como interpretamos o tempo. Parece-me mais difícil isso do que fazer uns acertos ocasionais. Além disso, o mais provável era continuar a ser preciso fazer acertos, mesmo que fosse mais raro, pois é difícil igualar com exactidão o tempo que a Terra leva a dar uma volta ao Sol.

Pentacúspide disse...

Ora, quantas gerações vivem em 100 anos? Os tipos que pedem para corrigir o calendário em cada 4000 anos não tinham nada para fazer, só queriam aparecer. A precisão do calendário em 5 minutos em nada nos traz vantagens ou desvantagens. Além do mais, quando falamos de calendário, estamos a falar do calendário ocidental (o gregoriano), os chineses, os muçulmanos e o judeus, ao que parece, no plano menos internacional ainda continuam a usar calendários ancestrais.
No entanto, continuo a admirar os astrólogos (actualmente seriam nomos) e calendaristas antigos pela sua "quase" precisão.

Vanessa Carvalho disse...

Tal como dizes, o calendário que nós usamos é o gregoriano, mas para chegarmos ao calendário que hoje conhecemos e tomamos como banal, muitas reformas foram feitas. O seu antecessor introduzia atrasos que, ao fim de vários anos, tornavam-se significativos e deixava de haver correspondência entre o que era indicado pelo calendário e a realidade. O conhecimento das estações do ano era muito importante para a agricultura e esses atrasos tornavam-se inconvenientes, por isso introduziram-se reformas profundas para acertar o calendário. Naturalmente, como disse, não se consegue atingir a perfeição, mas quanto menor for o erro, mais espaçadas estarão as correcções a ser introduzidas.

Pentacúspide disse...

Mas, se normalmente se mudam as horas do verão e do inverno sem que isso cause problemas, será que vai causar quando as correcções do calendário não acontece ao longo da vida de um indivíduo? Ou por outras palavras vale a pena que se faça um novo calendário por causa de uma precisão de 400 anos?

Vanessa Carvalho disse...

Não seria preciso fazer um novo calendário, penso eu, seria apenas a questão de acrescentar mais uma regra: alguns anos que deveriam ser bissextos deixariam de o ser.
Quanto à mudança de hora no Verão e no Inverno, isso acontece por uma razão diferente: de forma simplista, o objectivo é aproveitar melhor as horas de luz natural, não é para corrigir o calendário de forma a acompanhar o movimento de translação da Terra, tanto que numa altura do ano se adianta 1 hora ao relógio e na outra altura se atrasa 1 hora, por isso o saldo final é nulo.

Pentacúspide disse...

Eu sei a razão das mudanças de horas, o que pretendi dizer através dele é que as pessoas estão habituadas a mudanças de calendário (porque as horas de verão ou de inverno mudam o calendário em uma hora) de maneira que uma correcção de uma frequência tão absurda de 400 anos não o afectariam.

Vanessa Carvalho disse...

Mais uma razão para fazer a tal correcção. Se as pessoas já estão tão habituadas a mudanças, não se incomodariam com mais uma que ocorresse só a cada 400 anos. A questão é que se essa correcção não for feita, pequenos desfasamentos serão introduzidos que aos fim de alguns milhares de anos podem tornar-se em dias.